sábado, 15 de agosto de 2009

'Brüno' chega ao Brasil em versão mais leve, mas ainda polêmica

Novo filme de Sacha Baron Cohen estreou nesta sexta-feira (14).
Cópia brasileira teve cerca de um minuto cortado, a pedido do ator.


Se Borat foi considerado engraçado, transgressor, nojento ou abusivo, era porque ninguém conhecia ainda Brüno, personagem também criado por Sacha Baron Cohen, que chegou aos cinemas no filme homônimo, na sexta-feira (14).

Aqui no Brasil, a pedido do próprio Cohen, a versão exibida será mais leve do que a tradicional, com cerca de um minuto a menos. A intenção do ator, que colocou cópia idêntica na Austrália, era conseguir que a indicação para o filme fosse menos que 18 anos -o que não aconteceu. Até porque "Brüno" continua, mesmo editado, mostrando close de órgãos genitais e cenas de sexo.

O protagonista vivido por Cohen é um homossexual austríaco, apresentador de um programa de televisão especializado em moda, obcecado por celebridades e fama. A sua demissão, por conta de alguns incidentes, serve de desculpa para Brüno sair em busca do mundo e conquistá-lo. Dos Estados Unidos ao Oriente Médio, com uma rápida parada na África, o personagem leva por onde passa o humor sem limites -- muitas vezes hilário, outras, grosseiro.

Em 2006, com "Borat - O segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América", Baron Cohen elevou o patamar do politicamente incorreto e do ofensivo com seu repórter cazaque numa cruzada pelos Estados Unidos a fim de compreender e desvendar o American way of life. "Brüno" não é muito diferente, mas, em alguns momentos, o ator parece ter perdido o limite. O personagem quer ser "o maior superstar austríaco desde Hitler".

Dirigido por Larry Charles, o mesmo de "Borat", a comédia é precisa ao criticar o culto às celebridades instantâneas -- um fenômeno que atingiu proporções assustadoras nos últimos tempos. Aqui, novamente, boa parte da graça vem de pessoas que não são atores reagindo às provocações de Brüno -- todas feitas num tom muito sério, como se fosse real.

Na fashion week da Áustria, antes de ser demitido, o personagem entrevista uma modelo e pergunta sobre as dificuldades da profissão -- entre as quais, a de colocar o pé direito na frente do esquerdo, e vice-versa, ou seja, o simples ato de andar. A moça seriamente concorda que, realmente, é muito difícil.

Num mundo fútil que cultua o superficial, Baron Cohen não poupa ninguém. Em sua escalada rumo à fama, Brüno lança um programa de entrevista e convida a cantora Paula Abdul para falar sobre seus trabalhos humanitários e como eles são vitais para ela -- tudo isso enquanto está sentada nas costas de um mexicano que lhe serve de cadeira.

La Toya Jackson também estava no talkshow, mas, após a morte de Michael Jackson, sua cena foi cortada. Em outros momentos, o rapaz tenta estabelecer a paz entre israelenses e palestinos, que culmina num canto, cujo refrão é algo como Brüno, a pomba da paz.

Nem políticos americanos são poupados. Ron Paul, aspirante à Presidência dos EUA, certamente não sabia com quem se envolvia ao aceitar participar de uma entrevista com Brüno, que termina num quarto de hotel com o entrevistador tentando fazer um filme pornográfico com o ex-candidato.

É uma máxima maquiavélica: os fins justificam os meios. Se, por um lado, Brüno encarna um clichê atrás do outro, por outro, seu objetivo -- o de expor, entre outras coisas, a homofobia norte-americana -- parece desculpar esse mesmo sentimento do próprio filme. Talvez, o que pese contra o longa é que, ao contrário do ingênuo personagem Borat, Brüno não mede esforços para conquistar a fama e acaba sendo tão desnecessário quanto o preconceito que ele quer expor.

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