domingo, 18 de abril de 2010

Thiaguinho, do Exaltasamba: o bom moço faz músicas bem ousadas

Foto: Márcio Nunes

No palco, ele canta coisas do tipo “Eu já tô na pista/ na pegada/ pronto pra atacar”, “Quando teu beijo for meu/ E o teu lindo corpo nu/ Vier buscar o que é teu” e “Imagine quando estivermos a sós/ Entre quatro paredes, sacia minha sede”. Enquanto faz as propostas mais ousadas em forma de música, dá mordidinhas nos lábios, lança olhares sedutores, sorri maliciosamente e ameaça tirar a camisa. Já fora de cena, é um cara tímido com as mulheres, religioso a ponto de seguir rigorosamente os preceitos do catolicismo, extremamente bom moço. Thiago André Barbosa, o Thiaguinho, 27 anos, é um fenômeno no mundo do samba. Mas parece não ter perdido a essência daquele menino nascido e criado no interior — de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, respectivamente —, filho de professores, que sempre viveu entre casa, escola e igreja.
— Sou do mesmo jeito que sempre fui, simples, tranquilo e pé no chão. Isso nunca vai mudar. Até porque, quando eu ainda não tinha essa vida de verdade, eu a vivia em sonho — conta o vocalista do Exaltasamba, explicando: — Sempre fui chamado de louco pela família e pelos amigos. Eu ensaiava dar autógrafos, fingia estar em apresentações de TV e em shows. A verdade é que sempre quis ser pagodeiro, não tinha outro foco na vida. Se não fosse, seria um frustrado.
A ascensão foi rápida. Com 12 anos, Thiaguinho aprendeu a tocar violão e começou a compor. Aos 14, passou ao cavaquinho. Um ano depois, montou seu primeiro grupo de pagode, Sabe Demais (que, inclusive, acaba de lançar seu primeiro CD, produzido por ele). Aos 17, passou a tocar na noite de São Paulo. O reality show “Fama”, da Globo, apareceu em sua vida aos 18. E, mesmo não ganhando, o cantor saiu vitorioso do programa ao ser convidado para integrar o Exaltasamba, dividindo os vocais com Péricles, após a saída de Chrigor.
— O “Fama” foi uma oportunidade de ouro pra mim, vou ser eternamente grato — diz Thiaguinho, participante do reality que alcançou maior projeção nacional: — Tem a Roberta Sá também, ela está num caminho bonito. Mas muita gente acabou se atrapalhando, quis mudar de estilo. Por isso, talvez, não tenha se firmado.

Foto: Márcio Nunes


Em oito bem-sucedidos anos à frente do Exalta, muita coisa mudou, é claro. A primeira delas foi que Thiago passou de fã a ídolo pagodeiro:
— Sempre adorei Só Pra Contrariar, Katinguelê, Negritude Jr. e o próprio Exaltasamba. Imitava o jeito de se vestir e o corte de cabelo do Alexandre Pires e do Salgadinho. Sempre fui muito influenciado pelos meus ídolos. Me assusto, hoje, quando os fãs aparecem com tatuagens em minha homenagem. É muita responsabilidade!
Tais cantores são, agora, seus amigos:
— As adolescentes costumam me pedir para entregar cartas para o Netinho (vocalista do Negritude Jr., famoso por realizar sonhos no quadro “Um dia de princesa”, do programa “Show da gente”, do SBT).
A conta bancária também melhorou. Consideravelmente...
— Tenho noção de quanto dinheiro tenho, mas não lido com isso. Quem administra tudo é minha mãe. O maior prêmio que conquistei foi a casa própria, onde moro com meus pais. Sou menininho ainda — brinca Thiaguinho, cujo maior prazer é fazer compras em shoppings: — Sou viciado! Saio carregado de sacolas e com um monte de gente pendurada, às vezes... Rola a maior confusão, mas nem ligo (risos).
Louco por brincos de diamante (“Todo negão gosta de um brilho, né?”, diz), o cantor também não faz economia no quesito vestuário:
— Paguei R$ 1 mil numa regata da Cavallera, exclusiva, que só tinha sido usada num desfile da marca. E usei-a no DVD “Pagode do Exalta”. Acho que foi a peça mais cara que já comprei na vida, mas não me arrependo.

Foto: Márcio  Nunes


Para as viagens em turnê, Thiaguinho costuma carregar malas e malas com uma média de 30 looks diferentes. No início, o produtor do Exaltasamba ainda pegava as roupas de grife em patrocínio nas lojas, mas os gerentes começaram a dar desculpas, dizendo que o perfil do grupo não condizia com o dos consumidores das marcas. Então, os integrantes decidiram bancar tudo que usam.
— O preconceito com o pagode anda lado a lado com o racial. Já entrei várias vezes em loja e os vendedores ficavam vigiando para ver se eu não ia pegar alguma coisa. Ou então eu perguntava o preço e escutava de volta: “Por quê? Você vai comprar?”. Mesmo depois de já estar no Exalta isso aconteceu. Ainda mais que a gente frequenta lugares mais caros e requintados...
Para Thiaguinho, o estereótipo do cantor de samba está mudando com a nova geração:
— A sociedade sempre viu o pagodeiro como aquele cara pobre da favela que ganhou dinheiro e está deslumbradaço, louco para desfilar com seu carrão e cheio de pensão para pagar aos filhos. Eu, Gustavo Lins, Rodriguinho, o pessoal do Sorriso Maroto, do Jeito Moleque e do Inimigos da HP estamos aí para mostrar que não é bem assim. Todos estudamos muito, pelo menos começamos uma faculdade.

Foto: Márcio Nunes

Rico, cheio de charme, simpático e famoso, inevitavelmente “chove na horta” de Thiaguinho. A mulherada, ele conta, não dá descanso:
— No início eu me assustava, agora já me acostumei com esse assédio louco. Uma vez, fui a um pagode aqui no Rio e a menina mandou: “Vamos ali pro meu carro que eu vou te fazer feliz!”. Não respondi nada, de tão sem graça que fiquei. A verdade é que componho com certa ousadia, me solto bastante no palco, mas não sou 100% assim. Só as músicas são safadinhas (risos).
O romantismo, no entanto, o compositor não nega:
— A maioria das coisas que escrevo é sobre o que eu penso mesmo. Sou carinhoso, gosto de presentear a mulher com música, flores, pétalas de rosas no chão e coração de flor na cama, jantar à luz de velas e tudo o que tem direito.
Adepto do namoro sério, o cantor entrega que todos os seus últimos relacionamentos foram com fãs:
— É muito comum o artista se aproximar de alguém que está na plateia do seu show ou num programa de TV de que você participou. Essa é a nossa vida! Gosto mais de namorar do que de ficar. Tenho pouco tempo para curtir, então prefiro ir ao cinema, sair para jantar a dois, enfim, programinhas mais calmos, que dão para descansar. Ser solteiro cansa muito, você está sempre na balada...
Às interessadas, o aviso: sempre tímido, Thiaguinho não é de “atacar”. E, solteiro, assume que namorar com ele acaba sendo um desafio, principalmente para as mais ciumentas:
— Sempre esperei as mulheres virem. Nunca fui namorador, garanhão. Costumo dizer que quem está comigo é guerreira, porque tem que se doar mais do que eu me doo, além de precisar ter muito sangue frio. Eu nunca namoraria comigo. Não pela pessoa que sou, mas pela situação que vivo. Toda hora tem uma menina puxando assunto, me agarrando, pedindo o número do telefone. Que fique claro: eu não suportaria me namorar, mas indico para todas (risos). Sou para casar. E recomendo...

Foto: Divulgação

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