segunda-feira, 31 de maio de 2010

“Deve ter um cafajeste dentro de mim”, diz Reynaldo Gianecchini

Na vida real, Reynaldo Gianecchini enfrenta uma pendenga judicial, como vítima, tentando retomar um imóvel de que o ex-empresário, Daniel Mattos, supostamente teria se apropriado ilegalmente. Este, por sua vez, alega que o bem foi lhe dado como presente. Enquanto a questão não se resolve, o ator se recusa a falar do assunto, preferindo se ater ao trabalho. E, por ironia, na ficção, o golpista é ele.

Como Fred, de Passione, o galã ainda aprontará muito. Para alegria de seu intérprete, que, neste ano, completa dez anos de carreira. "Tenho me divertido. Ele usa a sedução para conseguir as coisas. De alguma forma, a gente precisa de sedução na vida. Não de forma pensada, mas natural", explica o ator, 37 anos, que admite ter seu lado negro também. "Todo mundo tem um pouco de tudo. Ninguém é só bonzinho ou mauzinho. Deve ter um cafajeste dentro de mim", diz.

Silvio de Abreu, autor de Passione, já declarou que você é a grande aposta para a novela...
Ai, meu Deus! Até tremi agora (risos). Olha, encaro como uma grande oportunidade para aprender.

Como está sendo a parceria com Mariana Ximenes?
Nunca tínhamos trabalhado juntos e temos quase o mesmo tempo de carreira e uma história parecida. A gente sempre fez os mocinhos e, na vida real, ela foi casada com uma pessoa mais velha (o produtor Pedro Buarque) e eu também (com a apresentadora Marília Gabriela). E estamos voltando com o mesmo gás, fazendo personagens parecidos. Aliás, é o mesmo papel, nas versões masculina e feminina do mesmo. Me dá um conforto estar com uma parceira assim. Mariana foi um encontro feliz.

Os atores dizem que fazer vilão é especial. Concorda?
É especial porque é mais colorido e dá chance para brincar com mais ferramentas. Fred tem muitas máscaras, para cada pessoa com quem interage tem um jeito. Então, é como se estivesse fazendo diversos personagens. E, ao mesmo tempo, ter a permissão para exercitar a maldade é superlegal.

Há dez anos você trocou a carreira de modelo pela de ator. Quais foram as maiores dificuldades?
Os primeiros trabalhos foram um pouco mais difíceis. Nesses dez anos, houve tempo de as fichas caírem, de absorver coisas, aprender... Sempre me considerei um aprendiz. Como ainda sou, de certa forma, porque um ator nunca pode dizer que já sabe fazer. Segurança é um termo que pouco se aplica ao ator. Mas, hoje em dia, dá para dizer que já aprendi um monte de coisa para ter tranquilidade.

Em que trabalho você se sentiu pronto, ou mais seguro?
Há um de que tenho o maior orgulho, que foi um trabalho forte, que revejo e acho que tem uma consistência. Foi uma novela difícil, que nem foi tão apreciada assim: Esperança. Trabalhei com (o diretor) Luiz Fernando Carvalho, um mestre. Aprendi demais com ele e com o elenco. Foi em Esperança que tive, pela primeira vez, orgulho de olhar uma cena minha. Antes, era difícil me entender no sistema.

Em algum momento, pensou em desistir?
Algumas vezes. Por tudo. No começo, era muito difícil a questão de ficar exposto. O trabalho em si já expõe, está lá para as pessoas gostarem ou não de você. Fora isso, tem a exposição pessoal. Isso deu uma bagunça grande na minha cabeça. Questionei se era o que eu queria mesmo. Mas o tempo me mostrou que a minha paixão era isso. Não tenho plano B, não há outra coisa que poderia fazer, então... Ok, vou comprar o pacote e seguir. Hoje, não tenho mais muito problema. Lido bem com esse pacote.

Algo ou alguém o ajudou a entender esse pacote?
Não, foi viver o dia a dia.

Mas até hoje você é muito assediado. Imagino que, principalmente, pelo público feminino, não?
Depende do local. No meu dia a dia, as pessoas não saem correndo atrás de mim, porque, senão, eu ia pirar (risos). Tem quando a gente vai a evento fora do eixo Rio-São Paulo, aí, o barulho é forte. É um assédio relacionado à TV. E, quando a gente está no ar, numa novela das 9, o assédio aumenta.

Com o Fred, então, será uma loucura, já que dizem que a mulherada gosta mais de cafajeste (risos).
(Risos) Acho que tem uma graça no politicamente incorreto, naquilo que é meio errado. Creio que as mulheres gostam mesmo, algumas.

E você tem um lado cafajeste?
Todo mundo tem um pouco de tudo. Ninguém é só bonzinho ou mauzinho. Deve ter um cafajeste dentro de mim, mas a gente se policia em um monte de coisas. Busco entregar ao papel meu lado aventureiro, do bom humor, do carisma. Não é porque ele é do mal que tem uma nuvem negra na cabeça.

Você falou que essa blusa rosa tem a ver com seu momento. Que momento é esse, afinal?
De passione total. De estar apaixonado pelo trabalho, vivendo intensamente. Mas não é paixão amorosa. Nesse terreno, estou bem. É estar empenhado, cheio de gás para viver, para trabalhar, para tudo.

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