O quadro psicológico do goleiro Bruno Fernandes, acusado de tramar o sequestro e a morte da jovem Eliza Samudio, preocupa as autoridades da Justiça e da Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais. Uma das primeiras providências do governo de Minas, ao receber o réu e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, nesta quarta-feira, será providenciar uma avaliação psicológica e, se necessário, tratamento para o jogador. Durante os 27 dias em que os dois ficaram em um presídio no Rio de Janeiro, Macarrão chegou a afirmar que o amigo teria tentado suicídio e estaria desesperado com o fato de estar preso e pressionado por uma série de acusações.
Bruno e Macarrão retornaram pela manhã para a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, após quase um mês no presídio Bangu 2, no Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (Seds), antes de seguirem para a penitenciária, Bruno e Macarrão passaram por exames de corpo de delito, no Instituto Médico-Legal (IML), do bairro Gameleira, na região Leste da capital mineira.
Ironia - Na entrada do IML, de cabeça erguida e sem demonstrar abatimento, Bruno foi irônico ao responder sobre a possibilidade de dar declarações à polícia em sua volta a Minas Gerais. "Pergunte ao Edson Moreira, já que foi ele que afirmou”, disse, referindo-se ao chefe do Departamento de Investigações da Polícia Mineira.
Ainda segundo a secretaria, apenas o goleiro permanecerá em uma cela individual, no setor de triagem da prisão. A medida foi tomada devido às declarações prestadas por Macarrão de que Bruno estaria deprimido e tentou se matar por três vezes no presídio do Rio. Macarrão ficará em uma cela coletiva.
As informações sobre as tentativas de suicídio do jogador vieram à tona na semana passada, durante audiência na Vara Criminal do Fórum de Jacarepaguá, no processo em que Bruno e Macarrão são acusados de em outubro de 2009 sequestrar, agredir e manter Eliza em cárcere privado. Conforme denúncia do Ministério Público, o crime teria sido motivado pela gravidez da jovem. Ela afirmava que o jogador era pai da criança e chegou a mover uma ação na Justiça pedindo que o reconhecimento da paternidade e pensão alimentícia.
Bruno, Macarrão, a mulher do jogador, Dayanne dos Santos, a atual amante do goleiro, Fernanda Gomes de Castro, Elenilson Victor da Silva, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, Sérgio Rosa Sales, Marcos Aparecido dos Santos e o menor J. foram acusados de envolvimento na trama de seqüestro e execução da Jovem Eliza Samúdio. A jovem foi dada oficialmente como desaparecida no dia 10 de junho. Todos foram denunciados pelo Ministério Público e estão presos e devem ser mantido na prisão até o julgamento.
Audiências marcadas - O Tribunal de Justiça de Minas Gerais marcou a data da audiência de instrução do processo. A sessão será realizada no 1º Tribunal do Júri do Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, presidida pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. Até o dia 14 de outubro o TJ espera ter ouvido todas as testemunhas, de acusação e de defesa, e todos os acusados.
É possível que seja necessário ouvir as testemunhas em mais de uma data, porque advogados e promotores relacionaram 181 pessoas a serem ouvidas. Somente o advogado do Bruno, Ércio Quaresma, indicou 30 testemunhas, incluindo os cinco delegados responsáveis pela investigação do desaparecimento de Eliza.
Ainda segundo o TJMG, as testemunhas citadas, residentes em outros estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Bahia), como o pai, a mãe e amigas de Eliza, e parentes de Bruno, serão ouvidas por carta precatória.
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