Desde o início, Insensato Coração parecia ser uma novela em que a última coisa que contaria era se o mocinho e a mocinha ficariam juntos no final. Tanto que pouco se falava sobre o casal de protagonistas da história até a substituição de Ana Paula Arósio por Paola Oliveira na escalação da romântica Marina. Mesmo antes da estreia, todas as atenções estavam voltadas para o vilão Léo - que, inicialmente, ficaria com Fábio Assunção e, depois, foi parar nas mãos de Gabriel Braga Nunes, ex-Record - e de Norma, de Glória Pires, a enfermeira simplória que vira uma vingativa sem escrúpulos depois de anos de prisão. E agora, já na metade da novela, pouca coisa mudou.
Mesmo diante da apatia e falta de química entre os mocinhos, há algo que é um diferencial em Insensato Coração: sempre tem novidade na história. Uma agilidade conquistada também em função do grande número de participações na novela. E quase todas com nomes de peso, como Ângela Vieira, Vera Fischer e principalmente Nívea Maria. A atriz, inclusive, faz falta. Tanto que foi ela a responsável pela subida de audiência no dia em que a ingênua Carmem, sua personagem, sofreu um infarto ao descobrir que foi enganada pelo falso Fred, um dos disfarces do maquiavélico Léo. No dia, a média foi de 39 pontos, a maior até então.
Exceto as cenas de Léo e suas maldades - que envolvem até seus familiares mais próximos -, pouca coisa chama tanta atenção entre os personagens centrais. Pode-se dizer, inclusive, que Insensato Coração é uma novela de papéis paralelos. Enquanto o ex-piloto Pedro, de Eriberto Leão, passou dezenas de capítulos amargurado com o acidente que sofreu, muitas coisas aconteceram em outros núcleos.
Kléber, interpretação impecável de Cássio Gabus Mendes, já foi digno de pena, raiva e emoção com seu vício em jogos e homofobia. Assim como a aspirante a estrela Natalie, de Deborah Secco. A atriz se mostra madura e capaz de traçar características distintas da época em que se deu bem na pele da destrambelhada Darlene, em Celebridade, do mesmo autor, papel que foi massivamente comparado ao atual. Ainda mais diante de seu caso conturbado com o malvado Cortez, de Herson Capri, outra grande surpresa do folhetim. Três papéis que talvez nunca tenham trocado grandes diálogos com os protagonistas, mas que têm vida própria, independente e bem mais interessante que a dos heróis da trama.
É verdade que a audiência ainda não deslanchou. Até agora, o recorde de média não bateu os 40 pontos. Mas, com a morte de Araci, participação mais que especial de Cristiana Oliveira, e com a libertação de Norma, Gilberto Braga e Ricardo Linhares têm a chance de virar o jogo. E há de se reconhecer que, ultimamente, raras são as histórias que estreiam com bons números e conseguem mantê-los. O que vem acontecendo é mesmo um início complicado, um momento de virada e, a partir daí, médias mais generosas até a reta final. Insensato Coração parece seguir essa trilha.
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