domingo, 30 de agosto de 2009

Cleo Pires, a Surya de 'Caminho das Índias', diz que fazer novela a ensinou a ter paciência

Cleo Pires não concorda com quem classifica Surya - rotineiramente chamada de naja por outros personagens de "Caminho das Índias" - como vilã. Para a atriz, a indiana que inventa uma falsa gravidez só para ter privilégios dentro da família e inferniza a vida da mocinha Maya (Juliana Paes), é apenas uma pessoa infantil. Muito.

- Surya tem um tom de maldade quase infantil. Faz tudo para ter espaço dentro daquela casa, onde é reprimida - analisa Cleo, que conversou com a Revista da TV na casa de sua mãe, a atriz Glória Pires, onde diz ter um "puxadinho" só dela. - Surya acaba sendo considerada vilã porque atrapalha a vida da mocinha, que é um doce, uma queridona. Mas não concordo com esse título.

Vilã ou não, Surya passou uma boa parte da trama apenas lançando seus olhares invejosos e reclamando que sua sogra não lhe dava a chave da despensa - um sinal de confiança dentro de uma família indiana.

- Passei dois meses falando a mesma coisa: "Eu não vou deixar ela (Maya) tomar o meu lugar nessa casa" - cai no riso a atriz.

A personagem de Cleo só ganhou mais espaço na trama de Glória Perez depois que a mocinha foi morar debaixo do mesmo teto que ela. A atriz não reclama. E diz enxergar a repetição típica dos folhetins como um aprendizado da sua profissão.

- Gosto de desafio e superação. É tão clichê essa frase, mas é verdade. Novela é algo cansativo, desgastante, mas tento fazer de uma forma que não fique repetitivo para mim. Falar a mesma coisa é um exercício de não deixar o trabalho entrar no automático. No começo eu tinha muita cena só com intenção (e sem muitas falas), tinha que ter um olhar assertivo.

Quarta novela da atriz, que estreou em "América", folhetim anterior de Glória Perez, "Caminho das Índias" desafiou Cleo desde o começo. É o que garante a própria:

- Sempre gostei da Surya. Como atriz, gosto de fazer parte daquele conflito. Claro que agora gosto ainda mais de fazê-la, né? Ela está sendo muito mais ativa - constata.

Na novela, são muitas as situações em que toda a família do marido de Surya, Amithab (Danton Mello), está presente nas cenas. Cleo adora essas ocasiões, mas confessa que gravá-las não é fácil.

- É muita gente para quatro câmeras e pouco espaço. Tem sempre uma ação acontecendo e o resto do elenco fica ali, espiando. Já passei mais de quatro sequências de uma mesma cena sem falar nada. Acontece com todo mundo e é um exercício de paciência e humildade - diz.

A verdade é que Surya parece estar ensinando muito a Cleo. Mesmo assim, a atriz ainda considera sua personagem anterior, a professora Margarida, de "Ciranda de pedra", como um dos tipos mais difíceis que interpretou na TV.

- Margarida não tinha brilho. E passou um bom tempo doente, de cama. Eu tive que ser paciente e trabalhar muito isso. E olha que sou uma pessoa impaciente! Ter que ficar esperando a virada dessa personagem também foi um grande exercício - recorda a atriz, que esteve ainda na novela "Cobras & lagartos".

Revelada na profissão através de "Benjamim", filme de Monique Gardenberg, de 2003, Cleo foi, aos poucos, tomando gosto pela interpretação.

- Amo ser atriz, mas a gente não sabe o que vai acontecer amanhã. Eu mudo de ideia o tempo inteiro - pondera Cleo, que recusou convite para estrear em novelas no remake de "Cabocla", protagonizada originalmente por seus pais, Glória Pires e Fábio Jr. - Tinha acabado de fazer "Benjamim" e ainda vivia incertezas e inseguranças em relação ao trabalho como atriz. Novela é uma coisa que te dá uma dimensão muito grande. Ainda mais sendo para fazer o papel onde minha mãe conheceu o meu pai.

Apontada como arredia no início da carreira por parte da imprensa, Cleo diz que não liga muito para o que "os outros vão falar". Mas ainda se chateia com fofoca.

- Hoje até sei lidar melhor com isso. Passei a entender que sou uma pessoa que também faz parte do olhar do público. Antes, eu me sentia agredida com essa curiosidade das pessoas e da imprensa. Foi um trabalho interno muito grande - revela.

Viciada em videogame, a atriz de 26 anos, que também adora os seriados "True blood", "Lost" e "Fringe" e se diz fã de animações como "Aladim", hoje parece mais segura na profissão. Tanto que contracenar com a mãe, Glória, no filme "Lula, o filho do Brasil", de Fábio Barreto, ainda inédito nos cinemas, não a deixou nervosa.

- Foi bonitinho - resume a atriz de 1,60 metro, que brinca ao ouvir um pedido de pose do fotógrafo do GLOBO. - Sou curta - justifica, demonstrando ser como toda mulher. - Também acordo me achando gorda ou com o cabelo ruim.

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