terça-feira, 12 de julho de 2011

Dormir menos contribui para o ganho de peso, mostra pesquisa

Estudo reforça tese de que dormir pouco contribui para o ganho de peso/ Foto: Marcelo Theobald

Pessoas que dormem muito pouco comem mais, mas não queimam calorias extra, mostra um estudo que acrescenta evidências à tese de que há relação entre a privação de sono e o ganho de peso.

Apesar de a descoberta não provar que a desordem de sono faz engordar, e também não explicar exatamente como funciona a relação entre o sono e o peso do corpo, ela mostra que "dormir deve ser uma prioridade", disse Michael Grandner, que estuda desordens de sono na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia.

- Se você está fazendo da sua dieta uma prioridade e está tentando se tornar saudável, não esqueça que ter um sono saudável provavelmente é uma parte importante de ter uma vida saudável - disse Grandner, que não participou do estudo.

Pesquisas anteriores já testaram a ligação entre sono, dieta e peso. Em uma delas, foram pesquisados grupos de pessoas que responderam a questões sobre seus hábitos de sono e dieta, e depois tiveram suas condições de saúde acompanhadas. Outros, incluindo o novo estudo, observaram um grupo menor de pessoas, manipulando seus horários de sono e observando como seus apetites respondiam.

Os dois tipos de pesquisa sustentavam a ideia de que menos sono está associado a mais peso. Um estudo recente feito na Suécia descobriu, por exemplo, que homens jovens que estavam passando por privação de sono comeram aproximadamente a mesma quantidade de comida que o normal, mas queimaram entre 5% e 20% menos calorias que quando eles estavam bem descansados.

No estudo mais recente, Marie-Pierre St-Onge, do Centro de Pesquisas sobre Obesidade de Nova York, localizado no St. Luke's-Roosevelt Hospital, e seus colegas recrutaram 30 homens e mulheres com 30 a 40 anos, todos com o peso normal. Os participantes moraram e dormiram num centro de pesquisas durante dois períodos diferentes de cinco noites.

Numa dessas visitas, eles eram autorizados a dormir por nove horas todas as noites. Durante o outro período, os voluntários eram autorizados a descansar apenas por quatro horas. Nos dois casos, eles eram alimentados numa dieta controlada nos primeiros quatro dias e depois podiam comer o que quisessem no quinto e último dia.

Os pesquisadores acompanharam o quanto de energia eles queimaram em uma base diária, e também pediram aos participantes que relatassem como se sentiam energeticamente. Os testes mostraram que, independentemente do horário de sono que as pessoas tinham, elas queimaram uma quantidade similar de calorias - cerca de 2.600 por dia.

Mas quando foram submetidas à privação de sono, elas se alimentaram com cerca de 300 calorias a mais em média no último dia, comparado com quando estavam dormindo normalmente. Se essa situação fosse transferida à vida normal de uma pessoa, a privação de sono aumentaria o risco de obesidade, os autores escrevem no "American Journal of Clinical Nutrition".

Os participantes também relataram que se sentiam com menos energia e apresentaram mais lentidão depois de alguns dias no horário de sono curto. Há algumas explicações por trás da ligação entre o sono e a dieta, afirmam os pesquisadores. Uma é que o descanso é importante para os hormônios que ajudam a controlar o quanto nós comemos. Outra tese afirma que quando estamos cansados, temos menos disposição para fazer escolhas saudáveis à mesa.

Grandner afirma que é possível que a ligação vá pelos dois caminhos, e que comer demais alguns tipos de comida pode alterar o horário de sono. Ou, alguém que tenha um trabalho estressante pode dormir menos e comer mais. Pouco sono também tem sido associado a uma série de outros problemas de saúde, como doenças do coração e diabetes, que têm suas próprias associações com o peso, complicando ainda mais a situação.

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