Assim como Michael Jackson, que sempre esteve no limiar entre a genialidade e o bizarro, a inocência e a maldade, seu pai, Joe Jackson, também divide opiniões sobre quem realmente é: um pai preocupado com o futuro dos filhos ou um homem agressivo e sem sentimentos?
Até o início dos anos 80, Joseph, também chamado de Joe, era conhecido como o grande produtor e empresário ambicioso de seus filhos, que formavam o grupo Jackson 5. Ele também empresariou as carreiras das filhas Janet, Rebbie e La Toya, sempre com mãos de ferro.
Mas começaram a pipocar na imprensa notícias de que Joe controlava os filhos à base de agressões físicas e psicológicas. Com a justificativa de educá-las, Joe frequentemente empurrava as crianças contra a parede e as obrigava a chamá-lo de Joseph, e não de pai. Os ensaios eram exaustivos e normalmente o pequeno Michael era o mais cobrado dos irmãos.
“Você é muito duro com ele”
Em entrevista, Marlon, um dos irmãos Jackson, disse que em uma das brigas familiares Joe segurou Michael por uma das pernas, dando-lhe pancadas nas costas e nas nádegas. Outra situação que teria marcado a vida de Michael foi quando Joe invadiu o quarto do filho pela janela, usando uma máscara assustadora e gritando. A intenção, segundo Joe, seria ensinar os filhos a não deixarem a janela aberta à noite. Graças a essa “lição”, Michael sofreria anos com o pesadelo de que estaria sendo sequestrado enquanto dormia.
Alguns momentos tensos na família Jackson também foram retratados na série de TV “The Jacksons: An American Dream” (1992). Como os diálogos em que Katherine, a matriarca, implora que o marido pare de bater nas crianças, ou de implicar com Michael. “Você está sempre tentando ultrapassá-lo, sempre tentando vencê-lo em algum jogo. Isso vai acabar com ele. Eu não vou deixar você fazer isso, não vou deixar isso acontecer. Você é muito duro com ele, muito duro com todos eles”, teria dito Katherine, de acordo com a série. A resposta de Joe teria sido: “Você quer seus filhos trabalhando em alguma fábrica de aço para o resto da vida? Ou então nas ruas usando drogas, ou se metendo em confusão com alguma gangue?”.
La Toya e acusação de abuso sexual
Os boatos de agressão foram confirmados por Michael em entrevista a Oprah Winfrey, em 1993. O Rei do Pop revelou que tinha tanto medo do pai que só sua simples presença o fazia vomitar. Dez anos depois, em 2003, Michael falou mais uma vez sobre as agressões do pai, em entrevista a Martin Bashir ("Living with Michael Jackson").
Mais fundo ainda foi La Toya Jackson, que na autobiografia “La Toya: Growing up in the Jackson Family”, acusou o pai não só de abusos físicos e psicológicos, como também sexuais. Rebbie, a irmã mais velha, teria sido abusada sexualmente pelo pai.
O livro foi lançado enquanto La Toya estava casada Ralph Gordon, seu empresário, um homem de ficha suja e temperamento agressivo. Durante os anos de casamento, Gordon a obrigou a cortar laços com a família e a submeteu a diversas situações de violência e humilhação. Assim que se separou de Gordon, La Toya fez as pazes com a família e desmentiu as acusações que fez a Joseph.
Família Jackson: os Kennedy da cultura pop
Joe Jackson sempre procurou negar as agressões. Admite ter sido duro com os filhos, mas por uma boa causa: transformá-los em adultos disciplinados e astros de sucesso.
O site oficial de Joe tenta humanizar suas atitudes. “Ele representa a história de um homem que sempre se sacrificou o quanto pode em prol do desenvolvimento dos filhos. (...) Instituir um senso de disciplina em suas crianças foi o único jeito de garantir que eles iriam sobreviver por muitos anos na indústria musical. Sua biografia fascinante mostra uma família extraordinária que representa para a cultura pop o que os Kennedys representam para a política”, diz parte da biografia disponibilizada no site.
Tentativa de limpar a imagem
Há cerca de um mês, Rutt Premsrirut, um amigo pessoal de Joe, publicou um artigo no site da “ABC News” em que chama o patriarca dos Jackson de “homem de aço, imbatível em momentos de crise”. Disse que somente na presença do pai Michael conseguia ficar seguro, e que quando o Rei do Pop recebeu ordem de prisão pelas acusações de abuso contra menores, Joe bateu de porta em porta tentando reverter a opinião pública em favor de seu filho. “Ele é como um jogador de bilhar, sempre pensa dois passos à frente”, escreveu Rutt.
Sobre o fato de Joe ter ficado de fora do testamento de Michael, Rutt também tem uma justificativa. “Por que deixar um testamento para um pai de 80 anos de idade, que mais adiante vai deixar tudo para seus netos, e pagar duas vezes o imposto de herança?”.
Mesmo separada de Joe, Katherine Jackson também quer abafar as acusações contra o ex-marido. Em entrevista a Fox News, ela o defendeu: "Ele nunca fez nada parecido com o que estão dizendo que fez 39 anos atrás". Indagada se Joe era um bom pai, ela disse: "Claro que é. E as crianças vão te falar que ele é".
Pelo visto, o mistério parece ser a sina dos Jackson: impossível saber quem eles realmente são.
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