domingo, 4 de janeiro de 2009

Estrear como protagonista pode prejudicar carreira na TV!

Deixar de ser um ilustre desconhecido para se tornar o centro das atenções em novelas ou minisséries costuma ser mais inferno do que céu para estreantes na TV. Embora aparentemente irresistível, o convite para estrear como o personagem principal numa trama é um dos acontecimentos mais temerosos na vida dos atores.

Em alguns casos, encabeçar o elenco de um folhetim pode decolar de vez a carreira de um ator, mas também fadá-lo a uma eterna e permanente cobrança para se manter em personagens de grande destaque na televisão. O que nem sempre acontece.

Essas estreias em papéis principais são comuns, já que parte dos diretores e autores prefere entregar a rostos desconhecidos a função de atuar em personagens de destaque sem que o público ligue a feição de um ator conhecido a seus papéis anteriores. Foi o que aconteceu com Larissa Maciel, por exemplo, que estreia esta semana como a arrebatadora cantora Maysa na trama homônima.

"Dá muito mais impacto e fica crível mostrar a Maysa através de uma atriz desconhecida na TV", argumenta o diretor Jayme Monjardim. "Isso é uma faca de dois gumes para os atores. É preciso dar um bom tempo para que eles possam fazer outro personagem na TV", avalia Manoel Carlos, autor da minissérie.

No entanto, Larissa Maciel, acredita que seu caso é diferente de outras atrizes que estreiam na TV protagonizando tramas contemporâneas. Como Maysa - Quando Fala o Coração necessita de muita caracterização para a personagem, como perucas, enchimentos e uma maquiagem especial, a atriz acredita que, em breve, as pessoas não associem mais seu rosto às feições da cantora.

"Não tenho o mesmo olhar, a mesma sobrancelha. Isso vai ajudar", torce Larissa. No entanto, o mesmo não aconteceu com Mel Lisboa na época que estreou como a personagem-título da minissérie Presença de Anita, em 2001.

A atriz acabou ficando marcada como a Lolita sedutora da história e até agora não conseguiu viver outra protagonista na TV. "Nunca mais tive essa chance. O meu caminho foi muito difícil depois da Anita. A atriz que estréia como protagonista já se acha a tal. Mas é um erro. Ainda não consegui a chance das pessoas me enxergarem de novo", lamenta Mel.

Esse é um dos temores da atriz Letícia Persiles, que há algumas semanas interpretou Capitu na minissérie homônima de Luiz Fernando Carvalho. Escolhida por acaso pelo diretor através de uma foto no jornal, a atriz e cantora nem pensou duas vezes em aceitar o convite. Mesmo sem nunca ter tido alguma experiência na TV.

"Esse foi o trabalho dos meus sonhos. Se o Luiz tivesse me chamado para servir cafezinho, eu teria ido. Para viver a Capitu, então, nem sabia o que falar", assume a carioca.

Na contramão de toda a instabilidade de uma estreia, que mantém todos os holofotes direcionados para o protagonista novato, Reynaldo Gianecchini conseguiu surpreender. Ex-modelo internacional, o paulista de Birigui se manteve com personagens protagonistas depois de estrear como o mocinho Edu em Laços de Família, onde fazia triângulo amoroso com as personagens de Carolina Dieckmann e Vera Fisher.

De lá para cá, protagonizou ainda novelas, como Esperança, Da Cor do Pecado e Sete Pecados. "Tive de aprender a lidar com as pessoas e as armadilhas que o sucesso repentino nos proporciona. Aprendi a ter malícia e esquecer meu lado inocente de quem nasceu no interior", argumenta o ator.

Além da sorte, o carisma e a capacidade de reciclagem na composição de novos personagens são as molas que impulsionam a carreira de um intérprete após sua estreia como crédito principal de uma trama. Gianecchini não só investiu em cursos de atuação, como também se aprofundou em demais aprendizados para manter sua projeção inicial.

Mas as regras não valem para todos. O ator Werner Schunemann, por exemplo, que estreou na telinha como o Bento Gonçalves de A Casa das Sete Mulheres, há cinco anos, nunca mais conseguiu um personagem protagonista, mesmo com toda a sua bagagem no cinema como ator e diretor. "Estrear com um grande personagem na TV influencia. A gente quer se manter no topo. Isso gera ansiedade e o ator fica mais sensível. Quando não faz o mesmo sucesso, o ator acredita que morreu para o mundo", desabafa Werner.

Sucesso na berlinda

Mignon, magrinha e com grandes olhos negros e expressivos, Vanessa Giácomo disse logo a que veio quando foi selecionada para interpretar a brejeira Zuca em Cabocla. Estreante na TV na época, a atriz de Volta Redonda, interior do Rio, não só surpreendeu em sua atuação como protagonista da trama das seis.

Também chamou atenção ao mostrar carisma com seu par romântico Luís Jerônimo, de Daniel de Oliveira - ator com quem acabou se casando. Segura em sua primeira personagem na TV na época, a atriz só temia que a trama não fizesse sucesso, pois acreditava que o possível fracasso do "remake" de Benedito Ruy Barbosa poderia ser atribuído à sua atuação. "Quando uma novela não faz sucesso, normalmente a culpa é dos protagonistas. Eles são pararraios. Apenas isso me deu uma certa insegurança na época", lembra Vanessa.

No entanto, a atriz assegura que não se intimidou com a possibilidade de ter de se contentar com personagens menos relevantes nos trabalhos seguintes. Mesmo assim, ainda não conseguiu papéis com o mesmo destaque na TV. "Nem sempre os principais personagens são os que mais combinam com você", despista.

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