quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

''Vou em frente!''

Atriz, que agora também é diretora de cinema, revela seus planos, lembra de momentos mais ou menos bons e fala dos filhos e do casamento de 20 anos

Malu Mader, 42 anos, vive uma fase de extrema felicidade. Inspiração e paixão são os motivos e, de alguma forma, eles se entrelaçam em suas relações pessoais e profissionais. Terça-feira (10), no café do Unibanco Artplex, em Botafogo, Rio de Janeiro, a atriz falou sobre o documentário Contratempo, que começou a filmar em 2003 e está em cartaz desde sexta-feira (13). O longa marca sua estreia como diretora e é assinado também por Mini Kerti, 39, da Conspiração Filmes. O ânimo é de tal ordem que ela já trabalha em um novo projeto, um roteiro ficcional. Depois, talvez estimulada pelo início de ano ''ensolarado'' - por causa da viagem feita ao Nordeste com o marido, Tony Bellotto, 48, guitarrista dos Titãs -, Malu enveredou por temas sobre os quais há muito não se abria. O amor pelos filhos, João, 13, e Antônio, 11, o casamento de 20 anos, a crise que a fez pensar em abandonar a carreira, a saúde, e os contratempos que enfrentou por causa dela. Falou até sobre o os quilinhos a mais, fáceis de ganhar e sempre difíceis de desaparecer. ''Desde o Natal que venho 'emburacando'... Como vou viajar para Portugal e Paris, preciso dar uma sugada antes'', contou, rindo.

Carreira ou família? Qual é a prioridade?
É evidente que minha prioridade é filho. Na vida de uma mulher, é difícil que não seja. Hoje, o que mais me faz rir e me encanta são as coisas que eles falam. Eles andam bem fofos comigo. Filho é uma coisa na qual você pensa 24 horas por dia. Mas tenho paixão pela minha profissão. Então, quer dizer que ela também é minha prioridade? Sem dúvida. Devo tudo o que aprendi aos meus personagens. Sou louca pela minha profissão e devo tudo a ela, inclusive meus grandes amigos.

Como surgiu a vontade de ser diretora?

Acho que sempre quis ser roteirista e diretora, mas não tinha a capacidade de julgar o que realmente queria quando era jovem. Ninguém tem. Também sempre quis ser atriz, mas não tinha consciência porque na minha família não tinha ator. A vida não tem caminhos fixos e fechados e outras possibilidades podem se abrir a qualquer momento.

Você acha que seus filhos serão artistas?

O Antônio toca piano muito bem e está estudando. Ele acha que vai querer abraçar alguma profissão ligada à arte, talvez nas áreas da música ou do cinema. O João achou que faria algo ligado ao jornalismo esportivo, mas agora ele também está gostando de coisas ligadas ao cinema, às artes.

Vocês os estimulam na direção das artes?
Não que eu queira que eles sejam atores ou músicos, mas amo isso. O Tony também. Com certeza eles falam certas coisas porque são estimulados em alto nível (risos). Certamente, na casa de um economista, as crianças estão pensando no que vão fazer para ganhar dinheiro (risos)! O ambiente influencia muito. Estou vivendo tudo de novo com eles, revendo os filmes que já vi... Eles sabem quem são meus ídolos, já conhecem (os cineastas) (Martin) Scorsese, Woody Allen, (Pedro) Almodóvar, e só falam de Robert Plant, de Led Zeppelin, do cara do Sublime... Eles nos influenciam também. Como sabem que a gente gosta de rock, trazem umas novidades para ouvirmos. Por exemplo, fazia tempo que eu não ouvia Red Hot (Chili Peppers), e agora só ouço essa banda.

Você gostaria de ter talento musical...

Era meu sonho tocar bem um instrumento. Mas ainda tem tempo! Se não fosse atriz, roteirista e diretora, eu tentaria, o que não quer dizer que conseguiria. Mas gostaria (risos). Paulo Miklos (do Titãs) fala para eu treinar uma música bem para não morrer frustrada. Só uma música! Mas não fui adiante.

Também desistiu do piano?
Na época do piano, comecei a ter aula com o professor do meu filho (Antônio), porque ele estava indo tão bem, tão rápido, que eu quis ir também. Achei piano mais fácil que violão. Até consegui tocar, com uns decalques dos acordes nos teclados (risos). Só que para a novela (Eterna Magia) eu tinha de ser uma virtuose. Não podia mais ter aulinhas de bê-á-bá! Quando tirei os negocinhos, me embananei. Tinha de fingir que tocava bem demais. Aí parei de ter aula. Depois da novela, já estava mergulhando no filme, já estava diretora, e não voltei. Tudo na vida é concentração.

Pensa em se aposentar como atriz?
Não, não, não! De jeito nenhum. Vou trabalhar como atriz até ficar velhinha. Tem profissão melhor que fazer vozinha, bisavozinha? É um trabalho vantajoso, maravilhoso e sensacional.

Como é o roteiro que você está escrevendo?
É sobre uma família anticonvencional, de artistas, mas não é a minha família, não. É claro que tem elementos aqui e ali e que me sinto presente em todos os personagens, os masculinos, os femininos, as crianças, os adultos... Acho bacana, como expectadora e leitora, quando os autores colocam bastante de si em seus trabalhos. Eu pretendo que esse filme tenha muito de minhas emoções, mas ele não será autobiográfico. Você parte da tua história e, quando vê, não dá conta, a ficção toma conta de tudo.

Agora é mais cinema e menos TV?
Estou inspirada, apaixonada e empolgada. Antes de ser atriz, via muita televisão. Era uma entendida em novela. Hoje, vejo mais filmes.

Não quer mais fazer novela, então?
Certamente vou fazer. Tenho contrato com a Globo, acho que até 2010, e pode ser que me chamem para um papel que eu goste, como foi com Eterna Magia. Foi uma coincidência feliz. Naquela época, estava muito mais fechada para fazer novela. Pensava: ‘Será que não quero mais ser atriz?’. Estava reclusa porque tinha operado (um cisto no cérebro), acima do peso, triste, não querendo ser vista. Mas pintou o convite para viver a pianista e eu fazia as aulas de piano com meu filho, além do filme de música erudita com os Villa-Lobinhos (o documentário Contratempo). Aí, acendeu a chama de novo! Ator é imprevisível.

E como está o peso atual?
Estou bem acima do meu peso ideal, que é mais ou menos 60 quilos. Não sei com quanto estou porque não me peso, mas minhas roupas estão apertadas e é isso o que interessa. Desde o Natal, já fui ao Nordeste, a Tiradentes (Minas Gerais) e para minha casa em Penedo (Rio de Janeiro), que é onde mais como na vida.

Você faz dieta?
Sou a pessoa que mais gosta de comer na terra. Tem gente que gosta de beliscar, que gosta de comida, que gosta de doce... Eu gosto de tudo! E meu marido adora que eu coma e odeia que eu faça dieta. Tem marido que controla a mulher. Esses não seriam os meus maridos (risos). Antigamente, eu só gostava de comer bife, arroz, feijão e batata frita. Aí meu marido foi educando meu paladar, mostrando a culinária indiana, francesa, árabe... A gente acorda já pensando no que vamos almoçar, jantar...

Que exercício você pratica?
Jogo tênis. Só. E faço massagens.

Prefere a juventude ou a maturidade?
Eu escolheria a infância. Mas acho a juventude uma dádiva, uma coisa linda... Tudo pela frente... Você podendo errar e com tempo para consertar. Tem gente que fala que não se arrepende de nada, mas eu me arrependo de milhões de coisas: de ter começado a fumar, de não ter feito faculdade... Se pudesse voltar atrás, tentaria fazer faculdade junto com o trabalho. Mas agora dá uma preguiça monstruosa, com filho, com tudo... Daria um trabalho do cão!

E o casamento como vai? Existem planos para mais um filho?

Não vou ter mais filho não. No finalzinho do ano a gente completa 20 anos. Nunca comemorei, mas este ano acho que vou dar festa de aniversário. Vou fazer 43 em setembro. Faz tempo que não dou uma festa e meus amigos estão me cobrando. Nos 40, foi bem na época da doença, não tinha muito o que comemorar, estava quieta. Podia até ter sido a comemoração de estar viva, mas tudo era muito recente e eu estava embolada, filmando. Agora eu estou animada.

Como se sente aos 42?
Ótima. Sinto-me bem de estar viva. Só de estar aqui já está valendo. Não foi só o susto de 2005 (o cisto no cérebro). Tomei vários. Tenho um anjo da guarda e tanto! Por exemplo, sofri um acidente de carro quando tinha 22 anos e aos 25 operei um tumor no fígado... Comecei cedo. Meu anjo da guarda está meio nocauteado. Mas vou em frente!

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