quarta-feira, 29 de julho de 2009

Maitê Proença: “Pra mim, a análise virou uma conversa de botequim diante do Daime”

A atriz fala de seu namoro com um homem dez anos mais jovem e das vantagens e desvantagens do Santo Daime

É o início de uma noite de sexta-feira. Maitê Proença chega à Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, no Rio, exausta. “Vim direto do Projac. Estava gravando desde as 7h da manhã”, diz a atriz, que está fazendo uma participação especial em Caminho das Índias. Namorando há três meses o designer Alexandre Colombo, de 39 anos, e se aproximando dos 50, ela garante que não sofre de crise de idade. E ainda se diverte com a filha, Maria, de 18 anos, que não perde a chance de brincar com a mãe sobre a idade do novo namorado. “Quando vou sair, ela pergunta: ‘Vai para o play?’”, conta a atriz, rindo. Sempre cuidadosa com as palavras, mas sem fugir das perguntas, Maitê fala, nesta entrevista a QUEM, sobre inveja, sexo e sua experiência com o Santo Daime, chá místico-alucinógeno que ela pretende voltar a usar em algum outro momento da vida.

Lygia Fagundes Telles a acusou de ter roubado o título do livro dela, As Meninas, para colocar na sua peça. Em texto para o jornal O Globo, intitulado “Fica brava, não, Lygia”, você explicava que tentou mudar o nome, mas não conseguiu. A Maitê
de 20 anos atrás diria o quê?
Talvez eu fosse mais bélica, mais intransigente. Porque o mais jovem não entende tanto o lado do outro. Mas acho que a Lygia é uma mulher muito elegante, não diria essas coisas para mim se não tivesse alguém do lado dela buzinando. Acho que foi isso, pegaram ela numa hora ruim.

Depois de ter falado sobre a morte de sua mãe (assassinada pelo marido, o pai de Maitê, em 1970) no livro Uma Vida Inventada, foi mais fácil voltar a tocar no assunto da morte materna na peça As Meninas?
Talvez fácil não seja a palavra. Mas tampouco foi complicado. Acho que os autores estão sempre mexendo com as coisas que eles conhecem, né?

Você fica imaginando a reação dos leitores ou da plateia diante das coisas que escreve?
Nunca penso no público quando estou escrevendo. Não gosto de programar. Parece que, se eu programar, fico amarrada naquela proposta. E nunca gostei de me amarrar. Quando morei fora, quando era adolescente, não sabia o que iria fazer no dia seguinte. Tenho um problema quase infantil com isso. Não gostava de ter coisas. Só consegui ter uma casa porque me casei com um homem (o empresário Paulo Marinho) que precisava de uma casa. Mas a casa me era algo quase constrangedor, porque significa ter que ter coisas, me enraizar num lugar.

Você não gosta de criar raízes?
Não gostava. Depois descobri que casa é uma coisa maravilhosa. Sou uma pessoa contraditória! Eu não gosto, mas, uma vez que tive e foi bom... O Paulo era uma pessoa muito organizada, tudo no horário, comida na mesa, com jarro de flores, tudo limpo e bonito. Para mim, aquilo era uma tolice. Mas, uma vez que tive, descobri que era maravilhoso.

Em As Meninas, a personagem que representa você acaba de perder a mãe e é consolada por uma amiga chamada Luzia. Ela existiu mesmo?
Não, a Luzia é uma criação total. Ela é o contraponto, absolutamente necessário, porque fala o que não pode ser dito. Ela tem inveja da dor da outra, que está sendo a protagonista de um grande momento (o velório da mãe).

A inveja sempre esteve presente na sua vida?
Eu não tinha noção disso antigamente. Fui detectar muito tardiamente que determinadas coisas vinham daí. Detectei de tanto falarem. Não me ocorria. Porque (sentir inveja dos outros) não era algo que eu reconhecesse em mim. Quando criança, eu estudava numa escola americana, que é supercompetitiva nos esportes. E eu tinha uma melhor amiga que corria mais do que eu. Era um pouquinho melhor. E eu ficava puta. Não sabia que aquilo era inveja. Depois, isso desapareceu de mim, não tinha tempo para ter inveja de nada, estava tão enrolada... Aí, fui viajar pelo mundo, fiquei deslumbrada com tudo, com o outro, saí do umbigo, fui para fora, e ir para fora (de si mesmo) é muito interessante.

Quando você percebeu que tinha inveja das pessoas? Já era adulta?
Quando saquei meus primeiros lampejos, eles foram relacionados a pessoas da minha área de trabalho. Uma vez falei: “Nossa, mas aquela pessoa é mais legal do que eu. Hum, que chato, ela é mais articulada, sabe falar melhor. Depois, quando entra em cena, brilha mais”. E pior que era isso mesmo. Não gostei, lógico. Quando detectei que era inveja, fiquei com tanta vergonha que telefonei para essa pessoa, acredita?

Quem era?
Não vou falar! É uma pessoa que está aí (no ar). Ela ficou muito assustada. Eu era tão tonta que liguei para falar que estava sentindo um negócio, que era uma admiração ruim. A pessoa não entendeu nada, né? Porque sentir inveja é bom, é um motor para você melhorar. É normal, todo mundo sente. Mas, no início, quando senti, achei estranho. Porque machucava. Era ruim. Aí, descobri que é melhor não falar, é melhor resolver sozinha, não é preciso agir em cima daquilo.

Mas você também é invejada.
É, mas vou fazer o quê? Dane-se. Eu só posso mexer no meu lado.

Você disse que já foi no fundo do poço e voltou. Como foi isso?
Não sou depressiva, nem gosto de ficar chafurdando no fundo do poço. Mas já teve situações em que fiquei muito entristecida e foi difícil de sair, só que há um esforço a ser feito. E não é não indo ao fundo do poço, ficar fingindo... Tem que ir lá, mexer no negócio. Viu tudo como é? Mergulhou naquele lugar sombrio de cabeça? Agora sai!

Um comentário:

  1. Sugiro que está atriz faça um cursinho intensivo sobre a histótia de Portugal, ahh e tb de lingua portuguesa, para depois dizer mal e gozar dos portugueses. Ela deveria de, para além de seguir este conselho, informar-se sobre a "fama" do Brasil na Europa e em outros continentes...

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